Em 2005, a Vogue Itália publicou um editorial fotografado por Steven Meisel em que Linda Evangelista era cutucada, enfaixada, costurada… Na época, as fotos causaram rebuliço por criticarem a pressão estética da moda. Vinte anos depois e nada mudou, somente escalonou. A obsessão pelo controle e modificação física aumentou devido à digitalização e a oferta de procedimentos estéticos.
Na beleza, a sempre disruptiva Isamaya Ffrench brinca com as embalagens de seus produtos como se fossem bisturis, em campanha lançada no início deste ano. A Vogue Itália voltou ao tema, desta vez em um editorial de still de produtos de beleza, enquanto a 10 Magazine mergulhou na estética mais literal do tema cirúrgico.
Há um imaginário em torno do tecno-corpo. Pele e carne tornam-se elementos moldáveis por tecnologias externas (como próteses) ou internas (cirurgias estéticas, por exemplo). A designer Camila Toro usa AI para desenvolver wearables para um futuro distópico e as esculturas de Angelo Venosa refletem a impermanência da matéria, a fragilidade do corpo e os limites entre natureza e artificialidade.