André Breton, figura chave do movimento Surrealista, idealizou um reino criativo onde sonhos, desejos e fantasias reformulavam a realidade. Este escapismo visual surge na Europa do século XX, em resposta ao clima da I Guerra Mundial. Agora, novas expressões surrealistas surgem como reação à atual crise da verdade em que vivemos, em que a busca pela informação real é cada dia mais intangível.
Criadores nos campos da moda, arquitetura e design produzem respostas culturais para um público sobrecarregado, como a Schiaparelli, fundada em 1927, que segue o legado surrealista com o atual diretor criativo Daniel Roseberry. O avanço da Inteligência Artificial contribui para a criação de realidades fabricadas. Ainda no universo fashion, o artista Constantin Prozorov usa AI para produzir as colagens utópicas de suas campanhas.
Antes visto como um movimento elitizado, o surrealismo é agora popularizado em memes, filtros, vídeos, etc., tornando-se ferramenta de expressão nas redes sociais. A conta @polly__in_wonderland, por exemplo, imagina personagens em cenários e trajes improváveis, ou a @shoshosai que, com AI generativa, gera instalações inusitadas. Ao abraçar o absurdo, o Surrealismo expõe realidades ocultas sob camadas de distorção e nos convida a navegar pela cultura do “real-falso” com os olhos bem abertos.